18 de abril de 2010

Inverno


E chega o inverno. Tiro velhos casacos do armário, armário novo, casacos velhos. Lembranças bobas, mas eu ainda ouço o eco.
De um pouco de poesia eu tiro minhas ânsias, minhas ânsias por alegria.

Elas não surgem tão fácil, o meu dia-a-dia ficou um fim-por-fim. Na garganta arde a azia que jazia por ti. E eu meto o dedo na garganta pra me livrar enfim.

Já não leio nos gestos o que não consigo dizer, só no espelho eu reconheço alguém indiferente. Não vejo mais ouro brilhar, não há pérolas para quem não as aprecia.

Amarro a fita de cetim em cima do presente fechado. Pra quem entreguei um punho cerrado, entrego o coração armado. Tudo agora está acabado.

E o inverno esfria as noites, tão geladas quanto minha alma.