30 de julho de 2010

Saudade de casa


Hoje passei o dia refletindo e cheguei a uma séria conclusão.
Quero que você seja feliz.

Ao som de:

Eu já passei tanta coisa ao seu lado, uma história linda, com seus altos e baixos. Mas acima de tudo eu quero ver você feliz. Porque cada vez que eu me aproximo, mesmo tendo que pular um muro enorme e me machucar na queda até chegar em você, quando vejo um sorriso seu o meu mundo se acalma. Os ruídos da guerra se aquietam, até minha alma encontra alguma paz.

Eu já fui responsável por tantas coisas em você, desde uma lágrima amarga e infeliz até as surpresas mais fantásticas, e por isso eu quero que você seja feliz. Na sua escolha, mesmo que não seja comigo, na sua estrada, mesmo que não seja o meu caminho.

Existem tantas coisas pra acontecer, e a vida não vai fazer questão de pegar leve. O que eu posso fazer é apostar minhas fichas, acompanhar o jogo e tentar ser o mais sincero possível. Eu acredito nesse amor, por isso minha prova maior será sobreviver mesmo diante de um sacrifício.

O meu amor é tanto que eu quero o teu sorriso, e não quero roubar a sua vida pra mim. Não posso fazer isso. Não quero, não seria justo.

Então eu fico de lado, olhando a lua, no canto da rua, brincando com pedras no chão esperando você me chamar de volta. Não nego. É aquela velha sensação do fim de tarde, esperando que a voz da mãe chame de volta pra casa porque está na hora do jantar. Na hora de voltar pro aconchego de um abraço apertado, do cheiro do lar.

E eu estou com muita saudade de casa.

28 de julho de 2010

Tudo no seu devido lugar

Resolvi parar meu dia por algumas semanas. Dentro da minha imaginação eu voltei a te ter, e foi como se tudo voltasse a estar no seu devido lugar. Por um momento vou parar essa correria, vou sentir essa sensação, a sensação de estar de volta ao seu lado.
Escolhi essa música para ilustrar o sentimento. Esta vibe maluca desta minha realidade alternativa.


Toque a música e leio o texto, entre nessa sensação.

Eu acordo e sei que posso te ligar. Eu ensaio umas frases bobas, misturando minha timidez com o compasso acelerado do coração, patinando nas idéias feito criança correndo no piso de madeira com as meias largas, escorregando de lado, rindo feliz com a brincadeira.

Eu passo a manteiga no pão imaginando o gesto de nosso abraço quando a gente se joga no colchão. Nossos braços enroscados no corpo do outro, sabendo a sintonia do toque, onde encaixa e desencaixa, desejoso pelo afeto de um afago amoroso. De amor, de amizade, de sexo e de carinho. Tudo no lugar que a gente sempre acha.

Eu combino um passeio surpresa comigo mesmo, te ofereço a surpresa de horas agradáveis, enquanto a gente joga fliperama feito os melhores amigos de um filme chamado "meu primeiro amor". Eu perco no jogo, mas ganho o teu sorriso de moleca, tirando onda com a minha cara.

Te compro aquele chocolate mais gostoso, que é do teu gosto. Te digo pra não se importar com aparência, não quero uma super modelo, eu quero você pra abraçar e me beijar. Se for pra desfilar, que seja na minha sala, no intervalo do programa de domingo, brincando e rindo.

Limpo os teus óculos com o tecido da minha camisa como todo cuidado, porque eu quero que você veja meus olhos quando eu digo o quanto te adoro. Compro pipoca no cinema de sexta, encaro a fila e perco filme, mas não perco a tua satisfação e conforto, curtindo tudo do meu lado.

Mesmo andando de braços dados, de mãos dadas,coração lado a lado. Correndo da chuva, pra não perder o ônibus ou batendo papo em qualquer lugar, o tempo não passa do mesmo jeito quando a gente está junto. O tempo passa e a gente não vê porque está olhando nos olhos do outro.

E nesse sonho me satisfaço imensamente com momentos tão pequenos, vivendo dentro do meu peito as coisas mais maravilhosas. Podem ser as que já foram vividas, mas eu ainda prefiro as que um dia poderei viver de novo, com você.

Dançando ao som dessa música tão gostosa. Tão gostosa quanto a vida é quando compartilho com a pessoa certa.

25 de julho de 2010

Cãimbras


Não é conformismo. Não tenho a pretensão de me conformar, mesmo porque eu teria que me livrar do que sinto até chegar perto desse sentimento.
Conformismo é um sentimento, acredite.

Você já não tem mais fôlego. Há cãimbras nas suas mais profundas memórias. Você tem preguiça de olhar as coisas boas. As dores nos músculos te impedem de correr mais 5 metros e a linha de chegada estava ali na frente. Mesmo que não houvessem prêmios. Mesmo que o prêmio fosse nossos sorrisos, juntos abraçados contando novas histórias. É a fadiga do amor. E quando o outro se cansa, não adianta correr atrás. É o conformismo aflorando como sentimento.

Você já não faz questão de tentar. Não faz mais diferença alimentar os sonhos que tivemos na cumplicidade dos lençóis. As paredes nunca foram testemunhas do amor e nem iriam depôr a favor do nosso caso no julgamento de nossa relação. A única relação que fazemos agora é das coisas que temos que devolver.

Pois o conformismo é um sentimento, agora eu sei. Mas ainda não sinto. Sinto muito.

16 de julho de 2010

A carta que eu nunca entreguei


Trilha sonora para a leitura

Você sabe mais do que ninguém que sempre me dei bem com palavras, principalmente escritas, talvez seja por isso que venho me refugiar nessas linhas. Venho tentar encontrar alguma paz, esvaziar a cabeça. Tenho tido tantos pensamentos indesejáveis ultimamente. Daqueles pensamentos bonitos, bonitos mesmo, mas que só soam bem quando estão nas linhas de canções. Quando a gente escuta o sentimento sem precisar realmente sentir pra saber que ele existe. Melodias melosas, coisa brega, canções de saudade, de desilusão ou amor eterno. Coisa de novela das 8.

Faz tanto tempo que eu não bato um papo decente com você, e eu sinto tanta falta disso. Claro que não é só disso, mas é de passar o tempo do seu lado. Depois desse tempo sozinho eu percebi que eu podia desperdiçar uma vida inteira do seu lado que eu nem ia me dar conta. Não que minha vida seja algo a ser desperdiçado, nem mesmo a sua, mas que se rolasse uma eternidade tipo filmezinho domingo a tarde no DVD e um edredon, formando aquela cena de inverno com a chuva fininha batendo lá fora, juro que eu não ia reclamar nem sentir que tava perdendo alguma coisa.

Não liga não, meus pensamentos andam aleatórios mesmo. Eu me pego vagando, pensando, sem muito rumo. Me sinto desestruturado, abrindo a casa da cabeça pra arejar mas ainda meio atrapalhado com as caixas por toda a casa. Não sei nem por onde começar.

É difícil, tem sido muito difícil pra mim, eu confesso. Droga. Infelizmente eu queria poder te dizer que está tudo muito bem, tudo muito ótimo. Mas não está. E eu ando agoniado, angustiado, triste, sem muita motivação. Tem dias que menos, mas ultimamente mais. É duro esse negócio de tristeza. Coisa chata.

É uma merda ter que admitir, mas não consigo ficar com raiva de você. Não consigo alimentar o ódio que eu tento fazer crescer, pelo menos com ele eu poderia seguir em frente com mais facilidade. É difícil porque eu sinto que tenho que seguir em frente, mas é como se eu carregasse um cadáver nas costas. Um cadáver de um relacionamento passado.

Claro que um dia vai passar, um dia vamos ficar melhores. Um dia eu vou olhar pra trás e dizer que era besteira, que no final foi o melhor. Mas agora eu não tenho coragem de dizer isso. Posso até dizer pros amigos, pra família, pro meu cachorro. Só que na hora que apaga luz, falar isso pra minha própria cabeça seria admitir dupla personalidade. Eu sou meio maluco,mas também não tanto. Não consigo me enganar.

Não há volta, não há reconciliação amorosa, não há beijinhos doces e abraços apertados, nem presente de dia dos namorados ou feriado no cinema. Mas o que diabos eu faço com esse sentimento teimoso (só não é mais teimoso que você, ou melhor, acho que aprendeu foi com você) que está no meu coração? Não só no coração, no estômago, no cérebro, nos dentes, dentro do meu olho, até nas minhas unhas. Nas roupas e músicas, filmes e ruas, poxa, até no meu carro. Não desgruda.

As vezes eu rezo baixinho pra que seja algo junto com você, na minha mente tudo roda como um trailer de cinema. Cores muito vivas, movimentos em câmera lenta, beijo demorado na chuva, aquela música do coldplay tocando na trilha sonora. Coisa linda. Mas eu evito porque tudo se acaba no segundo que eu percebo que essa vida já não é mais minha. E que eu estou é dentro da minha própria vida, onde não há perspectiva pra que isso ocorra. E mais uma vez vem a pancada da realidade.

Fico meio envergonhando porque parece que vim aqui te entregar um pacote de tristeza, e que não tem nada de bom pra eu te dizer. Não queria que fosse uma coisa desagradável, mas infelizmente é como tem sido. Sem firulas, sem floreios, sem tentar esconder o sol com a peneira. É assim que parece, é assim que cheira, é assim que tem sido.

Adeus e desculpe por tudo, por essa carta mau escrita. Essa confissão descontrolada e cheia de tropeços,pelos erros, por ter aparecido assim do nada. Retornarei ao nada em algum pedacinho do seu coração que já não é tão importante.

Adeus.

Devaneios Noturnos



Ele não sabia bem o que buscava, preso e enroscado no seu próprio devaneio. Às vezes mais rápido do que podia querer. Do que podia pensar, do que podia perceber.

A apreensão em cima do seu dia-a-dia, martelando o consciente, na busca por uma brecha. Uma razão vazia, teimosa e vadia. Ele queria achar o porquê. Mas porque não acho a resposta, muitas vezes se perguntava. Ou perguntavam para ele.
Era uma sensação, era como o tambor de uma arma. Vazio. Fulmegante. Dissonante. Em alguma direção ele ia, junto com algo que ele não entendia.


As emoções estão tão marcadas, tão usadas, tão apagadas. Estenda um lençol lavado e você não sabe quem se deitou nele. Abra meu coração e você não vai saber quem deixou ele assim.

Já não sei se é emoção legítima. Já não sei mais nem o que é um sorriso verdadeiro. Aonde está a beleza das cores? É no que vemos, na cor refletida, no tom, no olho, na percepção da imagem? Eu sei que preciso olhar, mas o que vejo ao redor são cinzas. De cigarros, de bombas, de casas queimadas.

Me troque por um champagne. Me troque por uma limusine. Me troque por seu castelo invisível. De dentro da sua torre você é a ditadora do seu próprio reino.

Eu não sou o cara de terno alinhado, o superstar ou o empresário do ano. Não vou lhe dar rosas toda sexta-feira, nem te levar nos melhores motéis do mundo. Não vou te dar jóias caras, nem lindos vestidos. Não vou te dar nem oi quando você passar.

Porque você já passou. Já passou da conta, já deixou de fazer de conta.

14 de julho de 2010

Me encontrar





Deixo-me inundar pela satisfação. Ela vem, muitas vezes, antecipada, pisando levemente o piso do assoalho das minhas aspirações. Tenta não esbarrar na mobília, não deixar com que o toca-disco pule e arranhe o LP, não quer que a música grite estridente e me chame a atenção.

Eu estou relaxado. E por muito tempo estive cansado. Me agarrando forte no cachoalhar do ônibus lotado, esbarrando o corpo inerte de um lado pro outro, entre tantos outros corpos inertes, tantas caras vazias e olhos sem expressão. Ou olhos vazios e caras sem expressão. De qualquer forma, mesmo entre tantos estranhos, e entretanto, me vendo tão claramente nos seus rosto, não é muita gente que desce no mesmo ponto que eu.

Deve ser porque, agora sim, estou no ponto. E num ponto sem volta, onde a chegada me mostra que é o fim. Em que o início se faz novamente, bem na volta, naquela curva molhada de chuva que eu escorreguei de bicicleta. Nesse ciclo em círculo chamado cotidiano.

Eu reparo bem de canto de olho. Eu continuo andando disfarçado na minha própria sombra, assobiando uma música sem melodia pra distrair o susto, e vejo alguém parado no asfalto. Sentada na beira da calçada, com as pernas cruzadas, olhando para as estrelas. Cara de menina, jeito de mulher. A imponência de um sorriso doce rasgando o céu cinza de tom amargo.

Perdida moça? E ela olha pra mim atravessando a minha existência. Me sinto abraçado pela oportunidade do destino e de mãos dadas com a escolha certa. Perguntei se estava perdida, mas na verdade quem precisava se encontrar era eu.

Você gosta de Blues? Ela me diz que prefere Jazz. E no improviso dessa música nos beijamos.