16 de julho de 2010

A carta que eu nunca entreguei


Trilha sonora para a leitura

Você sabe mais do que ninguém que sempre me dei bem com palavras, principalmente escritas, talvez seja por isso que venho me refugiar nessas linhas. Venho tentar encontrar alguma paz, esvaziar a cabeça. Tenho tido tantos pensamentos indesejáveis ultimamente. Daqueles pensamentos bonitos, bonitos mesmo, mas que só soam bem quando estão nas linhas de canções. Quando a gente escuta o sentimento sem precisar realmente sentir pra saber que ele existe. Melodias melosas, coisa brega, canções de saudade, de desilusão ou amor eterno. Coisa de novela das 8.

Faz tanto tempo que eu não bato um papo decente com você, e eu sinto tanta falta disso. Claro que não é só disso, mas é de passar o tempo do seu lado. Depois desse tempo sozinho eu percebi que eu podia desperdiçar uma vida inteira do seu lado que eu nem ia me dar conta. Não que minha vida seja algo a ser desperdiçado, nem mesmo a sua, mas que se rolasse uma eternidade tipo filmezinho domingo a tarde no DVD e um edredon, formando aquela cena de inverno com a chuva fininha batendo lá fora, juro que eu não ia reclamar nem sentir que tava perdendo alguma coisa.

Não liga não, meus pensamentos andam aleatórios mesmo. Eu me pego vagando, pensando, sem muito rumo. Me sinto desestruturado, abrindo a casa da cabeça pra arejar mas ainda meio atrapalhado com as caixas por toda a casa. Não sei nem por onde começar.

É difícil, tem sido muito difícil pra mim, eu confesso. Droga. Infelizmente eu queria poder te dizer que está tudo muito bem, tudo muito ótimo. Mas não está. E eu ando agoniado, angustiado, triste, sem muita motivação. Tem dias que menos, mas ultimamente mais. É duro esse negócio de tristeza. Coisa chata.

É uma merda ter que admitir, mas não consigo ficar com raiva de você. Não consigo alimentar o ódio que eu tento fazer crescer, pelo menos com ele eu poderia seguir em frente com mais facilidade. É difícil porque eu sinto que tenho que seguir em frente, mas é como se eu carregasse um cadáver nas costas. Um cadáver de um relacionamento passado.

Claro que um dia vai passar, um dia vamos ficar melhores. Um dia eu vou olhar pra trás e dizer que era besteira, que no final foi o melhor. Mas agora eu não tenho coragem de dizer isso. Posso até dizer pros amigos, pra família, pro meu cachorro. Só que na hora que apaga luz, falar isso pra minha própria cabeça seria admitir dupla personalidade. Eu sou meio maluco,mas também não tanto. Não consigo me enganar.

Não há volta, não há reconciliação amorosa, não há beijinhos doces e abraços apertados, nem presente de dia dos namorados ou feriado no cinema. Mas o que diabos eu faço com esse sentimento teimoso (só não é mais teimoso que você, ou melhor, acho que aprendeu foi com você) que está no meu coração? Não só no coração, no estômago, no cérebro, nos dentes, dentro do meu olho, até nas minhas unhas. Nas roupas e músicas, filmes e ruas, poxa, até no meu carro. Não desgruda.

As vezes eu rezo baixinho pra que seja algo junto com você, na minha mente tudo roda como um trailer de cinema. Cores muito vivas, movimentos em câmera lenta, beijo demorado na chuva, aquela música do coldplay tocando na trilha sonora. Coisa linda. Mas eu evito porque tudo se acaba no segundo que eu percebo que essa vida já não é mais minha. E que eu estou é dentro da minha própria vida, onde não há perspectiva pra que isso ocorra. E mais uma vez vem a pancada da realidade.

Fico meio envergonhando porque parece que vim aqui te entregar um pacote de tristeza, e que não tem nada de bom pra eu te dizer. Não queria que fosse uma coisa desagradável, mas infelizmente é como tem sido. Sem firulas, sem floreios, sem tentar esconder o sol com a peneira. É assim que parece, é assim que cheira, é assim que tem sido.

Adeus e desculpe por tudo, por essa carta mau escrita. Essa confissão descontrolada e cheia de tropeços,pelos erros, por ter aparecido assim do nada. Retornarei ao nada em algum pedacinho do seu coração que já não é tão importante.

Adeus.

2 comentários:

  1. Que lindo, Léo. Viva essa história com ela de novo;

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  2. Também guardo cartas que não mandei, mas quem sabe um dia mande?!

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