14 de maio de 2010

Alergia




Eu tenho alergia de você. Chego em casa e olho as marcas nas costas da mão. Está vermelha, em carne viva, em brasa, nas marcas de dois corpos em chamas.
Marcas e labaredas na cama.

Eu tenho alergia de você. E eu espirro desculpas esfarrapadas, coço ligeiro a pele querendo tirar o arrepio. E estremeço ao toque da seda, da tua blusa, do teu abraço.
Enquanto você está nua, deitada sobre meu braço.

Eu tenho alergia de você, mas ainda sinto alegria em te ver. E no compasso destas duas condições eu me equilibro na minha contradição,armando aquele sorriso meia lua, parecido com o algodão doce que eu te comprei na rua.
Naquele dia que você caiu na minha.

E vejo agora a foto em que você está sozinha.

Um beijo, um abraço, ainda estou contigo, escondido no teu afago.
Qualquer dia eu me desfaço de todo esse acaso, e finalmente me caso.

Pode ser com você, pode ser contra você, juntos e separados.
Por mais que eu me engane, ainda estamos apaixonados.

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