7 de setembro de 2010

Seu toque

Estou com pressa, muita pressa. Andando atropelado, deslocado, meio torto, feito menino bobo. Meio de lado, com o boné virado. Percebo o meu atropelo. Coloco as mãos no bolso, jogo o boné fora. Consulto a hora, coloco meu melhor casaco. Pra me proteger do frio, pra me proteger do teu calor, pra ficar mais bonito e causar o teu rubor.

Olho pros lados enquanto ando pela calçada. Olho as vitrines mas não me interessa os preços. O valor está no reflexo do vidro. No instante que vejo meu olhar refletir sozinho, dentro de um tempo que envelhece feito vinho. Cada minuto que passa aproximando a hora de te ver, melhorando o meu astral, bem mais do que o guia da TV.

Jogo a moeda pra cima, duas caras, duas coroas, tanto faz. Tanto fez. O valor disso está no momento, e no final das contas, no que a gente faz. Um encontro, uma música. Tanta coisa pode acontecer dentro da melodia. É na música que eu consigo lembrar do teu toque.

Brincando com o gelo da bebida, escrevendo na minha pele o teu nome. Arrepiando o meu corpo com um gesto simples, mexendo com os sentimentos do que me faz homem. Tocando, sentindo, mexendo comigo. Chega na minha sala, senta na poltrona e se espalha tomando conta do meu ninho.

Não me toquei que o teu toque pudesse me tocar tanto. E a canção toca enquanto escrevo, no meu canto...




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