10 de março de 2010

Blumenau




Eu gosto de escrever. Descobri de novo esse meu jeito, esse meu gesto de expressar coisas que talvez não tenham como ser expressas ou ditas. Mas a gente tenta.
Não sei pra quem escrevo, não sei quem é você que lê, neste momento. Simplesmente quero registrar esse meu sentir, nem que seja somente eu e as paredes azuis do meu quarto.

Pois uma lembrança me assaltou. Veio como um assaltante ao virar a esquina, e eu estava tranquilo ouvindo meus próprios pensamentos quando eles gritaram de repente. E não foi pra dizer: Cuidado!

Há tempos não via essa amiga, essa companheira, essa conhecida: as memórias mais profundas. Eu até estranho o seu formato. A sua sombra. O seu rosto.

O que me lembro é tão vívido, e vem com o frio na barriga. Aquele mesmo frio
que ela me disse certo dia que não sentia mais, que não sabia mais o que era, nem de onde vinha. Associo: será que é de agora ou daquele tempo? Não acho resposta, pra falar a verdade, nem sei se quero encontrá-la.

Vejo tudo de novo. O ônibus escuro, pois já era a noite, e nosso dia juntos havia terminado. O aconchego pedindo espaço no cansaço, a falta batendo papo com a saudade que já despontava. Mesmo que ela ainda estivesse ali, no alcance da minha vista, na plataforma da rodoviária, com seu jeitinho meigo, com sua idade tenra, meio sem jeito. Quando ainda era menina, ainda sonhava e amava, quando ainda era minha. Uma menina que ainda não era mulher. Risonha, cativante, tímida e minha.

O aceno não parava. Como se acenar mais e mais forte fosse segurar o tempo pra que a gente ficasse se vendo por mais um pouquinho. Os olhares ligados, o coração explodindo. Eu sabia que ia demorar muito tempo pra vê-la de novo, eu não queria ir embora. Eu não queria partir, como agora.

As luzes da rodoviária ficando pra trás, sendo a minha vontade do avesso, se distanciando mais rápido enquanto eu queria demorar.Meu olhar vagando a cidade que eu conheci por um dia, em instantes tão marcantes, tão profundos. O que o que sei daquela cidade é o que eu conheço dela. No seu sorriso, no seu andar, no seu lado.

A saudade que me perseguiria nas semanas longíquas, durante as horas no nosso bate-papo, entre os estalos das risadas no telefone, na saudade, na lembrança, na memória.

Lembro que naquele momento eu queria parar o ônibus, mas sabia que não podia. Eu podia me jogar na sua frente, mas ele não ia parar. É como agora, eu quero me jogar na frente, impedi-lo, pará-lo, mas ele vai passar por cima, me destroçar.

Eram 2 horas de viagem, mas os dias já passavam por mim trazendo o peso da saudade.Meu disc man barato e as músicas de amor que me acompanhavam nessa viagem marcante. Poucas viagens que marcaram minha vida. E continua, marcando, dia após dia.

Um dia lindo, um passeio maravilhoso.

Qualquer dia eu visito Blumenau.



UPDATE: corrigi alguns erros e arrumei algumas coisas. Estava emocionado na hora do post.

Um comentário:

  1. O cara ainda faz conto, prosa e verso rapah?!?
    Muito massa XD.
    Um abraço do teu brodi Jones H.
    Falow ae

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