7 de março de 2010

Quase obrigado


Me sinto impelido a escrever.

Quase obrigado.

O que dizer de um dia que acontece e não nos deixa vestígio? Ou mais, de um dia vago que passa veloz, não pela ausência de fatos, mas pela satisfação exagerada que exala?

Pode ser esse o meu domingo. Pode ser essa a minha vida. No olhar, na retina, meu precioso instante.

Te abracei por dentro do inverno, de longos dias distantes que passaram. Te abracei com afeto, sem nenhuma interferência de um rádio cantarolando músicas do nosso passado. Te abracei com carinho, pois ainda lembro dos teus caminhos, e sei onde posso chegar.

Pois quando te vejo e sinto tua voz, mesmo rouca e quase inaudível, eu quero te tocar, eu sinto o desejo, algo me empurra. E eu tenho que te abraçar.

Quase obrigado.

Você me diz que não sente, mas não consegue desviar o olhar.É uma gota inocente de choro, é um risada esganiçada na sua gozação, é um tique nervoso que passa batido. É o gesto e não sua palavra. Eu não preciso mais de palavras. Mas tenho que escrever, preciso, quero.

Quase obrigado.

Eu penso se não é carência, eu racionalizo se não é costume, se o desejo é puro e a vontade plena. E você percebe que há um cisco aí, um cisco safado que não quer sair. Pois eu ainda gosto do gosto do teu beijo e você sente o mel quando prova o meu sabor.
Depois de tudo, você vai embora.

Me deito sozinho,penso sozinho. E por você ter vindo me dar um pouco de sua vida eu preciso te dizer um quase obrigado.

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